Enquanto Bolsonaro bate recorde de rejeição, luta contra a PEC 32 cresce

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Análise feita pelo jornalista Hélcio Duarte Filho atribui força à rejeição da proposta ao passo que a impopularidade do governo cresce. A partir desta avaliação, a base de apoio do governo no Congresso tende a se fragilizar.

Abaixo, trechos da reportagem em que o jornalista faz a análise.

No mesmo dia em que os servidores conseguiram adiar a votação da PEC 32, pesquisa do instituto Datafolha apontou desaprovação recorde ao governo do presidente Jair Bolsonaro: 53% o consideram ruim ou péssimo (eram 51% no levantamento de julho). O estudo mostrou ainda que 22% da população com 16 anos ou mais considera o governo ótimo ou bom (eram 24% no levantamento anterior); 24%, regular (eram 24%); e 1%, não sabe (era 1%).

O crescimento da impopularidade do governo corrobora com o movimento que busca barrar a ‘reforma’ administrativa, pois tende a fragilizar a base de apoio ao presidente no Congresso Nacional, que já dá sinais indecisos quanto a como vai votar nesta matéria. “Não podemos errar no placar”, disse o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao justificar o adiamento da votação, da quinta (16) para a terça-feira, 21 de setembro de 2021.

A pesquisa que constatou o aumento da rejeição ao governo Bolsonaro foi realizada entre 13 e 15 de setembro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Uma semana, portanto, após o presidente participar dos atos que defenderam o fechamento do Congresso Nacional, a cassação de todos os ministros do STF e intervenção militar no país.

O levantamento mostra que o avanço da reprovação a Bolsonaro foi bem superior em alguns segmentos. É o caso do grupo com renda familiar de 5 a 10 salários (de 41% para 50%) e das regiões Norte e Centro-Oeste juntas (de 41% para 48%). Houve recuo, porém, da reprovação entre quem tem renda superior a 10 salários mínimos (de 58% para 46%). Entre os evangélicos, a rejeição também cresceu: aumentou 11 pontos percentuais entre janeiro e setembro (de 30% para 41%).

Bolsonaro é ainda mais rejeitado por quem tem ensino superior (85%) e estudantes (73%). Os empresários se mantêm como o único segmento em que Bolsonaro tem aprovação (47%) superior à reprovação (34%) — percentual que talvez se explique pelos sucessivos projetos que beneficiam o capital privado. Como no caso da ‘reforma’ trabalhista, que eliminava direitos dos trabalhadores e acabou derrotada no Senado Federal, e a própria ‘reforma’ administrativa, que abre caminho para empresas assumirem serviços públicos.

A mobilização pelo arquivamento da PEC 32 terá uma nova semana de intensa luta, de 21 a 24 de setembro, para impedir a aprovação do parecer na comissão especial. Haverá atividades presenciais nos aeroportos, para contato com deputados em trânsito, e em Brasília, além da atuação nas redes sociais. A defesa dos serviços públicos também será levada aos atos pelo ‘Fora Bolsonaro’ que estão sendo convocados para 2 de outubro.

 

Hélcio Duarte Filho

Fonte: Sintrajud

Foto: Reuters/Ueslei Marcelino