Empresas ajustam pacotes de benefícios em tempos de trabalho em casa
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Com boa parte das equipes trabalhando remotamente, empresas adequaram seus benefícios para o atual cenário. A Camil Alimentos, que já começou a retornar ao escritório, mas com apenas 30% dos funcionários, decidiu acrescentar à sua cesta de benefícios o vale alimentação, que pode ser utilizado em supermercados. Assim, cada colaborador pode optar entre vale alimentação e vale refeição, normalmente usado em restaurantes. Passou a ser possível, inclusive, fazer um mix entre os dois cartões.
A adesão ao novo benefício foi de cerca de 80%, segundo a companhia, e a maioria optou por receber 50% no VA e 50% no VR. “Essa ação foi uma resposta à demanda dos próprios colaboradores”, diz Erika Magalhães, diretora de gente e gestão da Camil Alimentos. “Fizemos uma pesquisa e o resultado mostrou uma demanda pela opção do VA para a maioria das pessoas.” Até então a empresa não oferecia o VA porque todos os funcionários da Camil recebem, mensalmente, uma cesta de alimentos.
No LinkedIn, um dos benefícios alterados foi a licença remunerada que já existia e permitia aos funcionários se ausentarem do trabalho para cuidar de um familiar doente. Antes com limite de 30 dias, passou para 60 durante a pandemia. Além de mais longa, a licença passou a beneficiar pais com filhos menores de 13 anos, que agora estão com aulas on-line.
As ausências são negociadas diretamente com o gestor e podem ser fracionadas. Dessa forma, o profissional pode escolher, por exemplo, tirar dias isolados na semana, diluir a licença em horários flexíveis ou dias corridos. “Com o fechamento das escolas, adotamos medidas para ajudar nossas equipes a se manterem produtivas, equilibrando as responsabilidades do trabalho e da família”, diz Alexandre Ullmann, diretor de recursos humanos do LinkedIn.
A varejista C&A adaptou as sessões de mindfulness e ginástica laboral para o ambiente virtual – antes elas ocorriam no escritório. A meditação passou a ser disponibilizada em vídeo-aulas gravadas, preparadas para os funcionários da empresa, enquanto a ginástica acontece em aulas semanais ao vivo na rede social interna. Além disso, a companhia também disponibilizou serviços de telemedicina e teleterapia. “O formato on-line foi pensado para democratizar o acesso a todos os associados do país”, diz Selda Klein, gerente sênior de recursos humanos da C&A Brasil.
A teleterapia, aliás, se tornou um benefício comum nas empresas em tempos de pandemia. A plataforma de psicologia on-line Vittude registrou aumento de 800% em número de vidas cobertas entre março e agosto. O serviço da startup para empresas, chamado Vittude Corporate, teve aumento de 350% em novos contratos. “Desde que a OMS listou burnout como doença ocupacional, diversas empresas iniciaram estudos mais aprofundados sobre o tema e começaram a estruturar programas de bem-estar e saúde emocional”, afirma Tatiana Pimenta, CEO e fundadora da Vittude. “No entanto, é inegável que a pandemia deixou a pauta latente.”
Na empresa de tecnologia para o mercado publicitário Vati, além do apoio psicológico – primeiro benefício incluído na pandemia -, os funcionários também passaram a contar com consultas a advogados. “Devido ao isolamento, surgiram dúvidas de como agir em caso de violência doméstica. De imediato, disponibilizamos nosso departamento jurídico para dar todo o suporte necessário”, afirma Leandro Burti, CEO da Vati. A empresa também passou a oferecer aulas de educação financeira para a equipe. “Foi um tema que entendemos como crucial para que as pessoas pudessem se organizar.”
Na farmacêutica Roche, um aporte de até R$ 1 mil foi disponibilizado para os funcionários equiparem o home office. Cerca de 22% dos empregados utilizaram o benefício. Junto com o dinheiro, a multinacional criou um programa com dicas sobre como montar a estrutura de trabalho em casa. “Entendemos que era preciso olhar para o tema da ergonomia também na atuação em casa”, diz Henrique Vailati, diretor de RH, comunicação e compliance da Roche Diagnóstica Brasil.
Na Hydro, um aporte fixo de R$ 250 é pago mensalmente em folha para ajudar com as contas de consumo, como luz e internet.
Fonte: Valor Econômico
Ilustração: Getty Images/iStockphoto