Apenas 21% dos acordos salariais em 2022 resultaram em aumento real para os trabalhadores
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No serviço público ou no setor privado, o resultado do governo de Jair Bolsonaro (PL) para os trabalhadores e as trabalhadoras é o mesmo: perdas salariais e de direitos. Relatório divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que 43,4% dos acordos salariais realizados em 2022 resultaram em reajustes abaixo da inflação, contra apenas 21,4% nos quais os trabalhadores obtiveram reajustes maiores. Ainda, reajustes iguais à inflação representaram 35,2% dos acordos. A variação real média dos reajustes, no acumulado do ano até junho, é de -0,80%.
Os piores resultados estiveram no setor de comércio, onde apenas 15,7% dos reajustes foram acima da inflação, e de serviços, no qual 50,9% dos acordos geraram reajustes menores do que o índice inflacionário. Em relação à divisão geográfica, o Centro-Oeste registrou 67,9% de reajustes abaixo da inflação e apenas 11,3% acima, sendo este o pior resultado regional. A região Norte teve 59,3% de acordos abaixo da inflação e 14,6% acima; o Sul registrou os melhores resultados: 24,5% abaixo, 24,1% acima.
Nesse contexto, a renda média dos brasileiros vem caindo. Em 2021, como o Sintrajufe/RS (sindicato da categoria no Rio Grande do Sul) noticiou, a renda média dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros caiu ao menor valor em dez anos, quando tem início a série histórica. Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, no ano passado, a renda média foi de apenas R$ 2.265. Ao mesmo tempo, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita em 2021 foi estimado em R$ 1.353, o menor valor em uma década. Descontado o efeito da inflação, significa que, na média, o brasileiro recebeu quase R$ 100 a menos que em 2020, o que representa uma queda de 6,9% – a mais intensa da série histórica da pesquisa. Antes, o maior recuo havia sido de 4,3%, registrado na passagem de 2019 para 2020.
Quase 63 milhões de brasileiros têm renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais, ou seja, sobreviveram em 2020 com menos da metade de um salário mínimo, de acordo com o Mapa da Nova Pobreza, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A pobreza nunca esteve tão alta no Brasil, desde o começo da série histórica da pesquisa, em 2012.
Servidores seguem na luta contra a política de congelamento
Para as servidoras e os servidores públicos, o que Bolsonaro ofereceu é o zero. Nada de reajuste, com a manutenção da política de congelamento que o governo vem aplicando desde seu início. É o primeiro presidente em vinte anos que terminará seu mandato sem oferecer nenhuma reposição salarial aos servidores. No Judiciário Federal, segue a luta, iniciada em janeiro. O momento é de reforçar a pressão sobre Bolsonaro, sobre o Congresso e sobre o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, que vem aplicando no Poder a mesma agenda de congelamento de Bolsonaro.
Para reforçar essa luta, a Fenajufe convocou para agosto dois dias de mobilização, nos dias 2 e 3, incluindo um “apagão do Judiciário”.
Fonte: Sintrajufe-RS