Brasil tem menos servidores que EUA, Europa e países vizinhos

A Folha de São Paulo publicou uma reportagem com uma série de dados sobre o número de servidores no Brasil e no mundo, onde constatou que o país apresenta um númeroinferior de funcionário públicos em comparação com a maior parte dos países pesquisados.

A reportagem levanta que estudiosos do serviço público apontam a necessidade de reavaliar aspectos como a forma em que se dá “o concurso público, reformular as carreiras existentes, adaptar o efetivo às mudanças no mercado de trabalho e aprimorar a avaliação de desempenho”. No entanto, o texto é norteado pela exposição de dados contrapondo o tão alarmado inchaço do Estado brasileiro – algo que ganhou força com o debate da reforma administrativa, matéria que o presidente do Congresso, Arthur Lira (PP-AL), volta e meia tenta emplacar.

À reportagem, Félix Lopez, um dos coordenadores do Atlas do Estado Brasileiro, plataforma do Ipea ((Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), afirma que é um verdadeiro mito o que se pensa a respeito da concentração da força de trabalho no serviço público no Brasil. “Uma simples comparação nacional mostra isso”, diz.

O Brasil tem 12,45%, considerando um total de 91 milhões de trabalhadores brasileiros, atuando no setor público. Esse número equivale a 11,3 milhões de brasileiros. Quem tem um número parecido é o México, com 12,24% da força de trabalho no serviço público.

Um dado importante, trazido pela Folha, é que o Brasil tem percentual menor que os Estados Unidos. Esse, apontado pelo texto como “o país referência global de valorização da iniciativa privada”, tem 13,55% dos trabalhadores na esfera pública.

Outra comparação importante é com o número de servidores existentes no Chile, país muito citado pelas reformas liberais e onde os servidores representam 13,10% da força de trabalho.

Já quando se trata de países sempre citados como exemplo de qualidade de vida e modelo para a população mundial, como Dinamarca e Suécia, por exemplo, o número de servidores sobe consideravelmente. Na Dinamarca, o percentual bate a casa do 30 (30,22%). Número próximo também ao da Suécia, onde 29,28% dos trabalhadores atuam no serviço público.

Na média dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os funcionários públicos são 23,48% do total de trabalhadores.

Para Félix Lopez, é fundamental levar em conta a política pública de cada país, muito mais do que analisar friamente os números. "O Brasil é ambicioso em suas políticas de universalização de saúde e educação, o que demanda mais gente. Ainda assim está no nível intermediário na comparação internacional."

Ele aponta também que a expansão de servidores desde o início da década de 1990 foi conectada à demanda da sociedade a partir do estabelecido pela Constituição de 1988.

A reportagem também aponta que na esfera federal o volume encolheu, com exceção dos professores universitários, categoria que cresceu. São quase 100 mil servidores a menos com relação ao que existia em 1989, segundo Pedro Masson, Coordenador-geral de Ciência de Dados da Diretoria de Altos Estudos da Enap (Escola Nacional de Administração Pública).

 "O 'mais Brasil e menos Brasília' já aconteceu na força de trabalho do serviço público, e a imagem de órgãos federais abarrotados de gente fazendo nada é uma caricatura”, afirma Masson.

 

(Com Folha de São Paulo)

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/07/brasil-tem-menos-servidores-que-eua-europa-e-paises-vizinhos.shtml